quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sangue 7

“O doce som da melodia que sai da boca de uma bela donzela, o doce som irresistível.”





...

A Canção da Meia Noite

...



(Parte 1)


O vento gelado da noite passava por toda Pederneiras, a maioria das pessoas estavam em suas casas descansando de um longo dia de trabalho em suas vidas pacatas de cidade interiorana.
Os poucos que estavam pela rua, naquela sexta feira a meia noite, puderam presenciar o que classificaram como a voz da ninfa solitária.
Era um grupo de amigos que voltavam de uma festa de aniversário, estavam passando pelo prédio em construção que havia ali na cidade, quando começaram a ouvir uma linda canção, vinda do alto do prédio.
Embora o prédio fosse alto, podia-se ouvir claramente o que a canção dizia.

Voem oh belas penas

Voem pela cidade

Encontrem meu amor

Minha felicidade


Voem penas brancas

Brancas de pureza

Vão e me tragam

A certeza

De que amar é possível

De que meu desejo

É cabível


Voem oh belas penas

Voem pela cidade

Encontrem meu amor

Minha felicidade


Penas brancas

Das asas do anjo

Que me guarda

Na noite sombria

E fria

Que me aguarda


Voem oh belas penas

Voem pela cidade

Encontrem meu amor

Minha felicidade


As penas voaram

Mas não retornaram

Meu anjo caiu

Meu amor sucumbiu


Voem oh belas penas

Voem pela cidade

Encontrem meu amor

Minha felicidade


Voem oh belas penas

Voem pela cidade

Encontrem meu amor

Minha felicidade




Os homens que estavam naquele grupo de amigos, ficaram em uma espécie de transe, não conseguiam deixar de olhar para o alto e não saiam do lugar.
O apelo de suas amigas se tornavam em vão, suas vozes não pareciam ser capazes de sobressair da voz daquela do alto do prédio.
E enquanto a canção não se cessou, eles não se moveram, após o transe foram perguntado o que aconteceu.
Todos diziam que seus corações estavam leves e a sensação de calma e tranqüilidade os havia tomado.
E toda noite após aquela, todos que passavam em frente o prédio a meia noite ouviam a mesma canção.
Até subiram no topo do prédio para tentar ver de quem era aquela voz, mas toda vez que iam até lá nada encontravam, ninguém.
Uma noite Andressa passou pelo prédio a meia noite, estava sem sono e tinha resolvido caminhar um pouco.
Fazia uma semana que ela não ia a casa de Atanael, não depois do que havia acontecido entre ele e Daniel.
E Daniel depois daquele dia havia partido, disse que devia reportar aos lideres do Vaticano sobre a existência de um vampiro, isso também aumentava as preocupações de Andressa.
Ela temia que várias pessoas viessem atrás de Atanael.
E passando pelo prédio ouviu a canção, que para ela era linda, ficou ali a ouvindo quando ela viu alguém se aproximando ao longe.
Era um senhor aparentando trinta e cinco anos, usava um terno cinza, gravata azul e um chapéu. Ele carregava uma espécie de mala, então esse senhor parou em frente a ela, segurando seu chapéu olhou para cima.
Então voltou o olhar para Andressa e disse:
- Bonita esta canção, não é madame?
- Sim muito bonita. –respondeu ela.
- Sabe quem a canta? Eu sei, minha vontade é de cantar junto dela, mas infelizmente não posso.
- Como assim senhor?-perguntou ela.
- Sabe sou um saxofonista, o que carrego nessa mala é meu precioso saxofone, o qual toco a vinte e cinco anos, eu tinha uma parceira na musica que morreu há algum tempo, e infelizmente não posso tocar meu sax junto a ela.
- Que pena senhor –respondeu Andressa- mas o que aconteceu?
- Espere, ouça, a canção parou. Gostaria que eu tocasse meu sax madame?
- Seria um prazer ouvir senhor –disse Andressa, queria passar uma noite agradável com belas musicas, pois ultimamente todas as noites lhe eram estranhas e anormais.
Então aquele senhor abriu sua mala, preparou seu saxofone, e começou a tocá-lo.
Ele era realmente bom naquilo que fazia, as tonalidades das notas e a perfeição com a qual tocava, demonstrava o quão hábil era aquele senhor, e por duas horas ele tocou para Andressa.
Após tocar, perguntou para Andressa o que ela havia achado.
- Nunca havia ouvido algo assim tão bonito, qual seu nome senhor? –perguntou ela.
- Me chamo Ademar, e você?
-Andressa.
- Foi um prazer tocar novamente a uma bela senhorita, agora tenho que ir, prazer em conhecê-la Andressa.
- O prazer é meu, queria muito ouvir seu sax novamente, o senhor toca profissionalmente em algum lugar?
- Não mais, depois que não pude mais tocar com minha parceira, não senti mais gosto em tocar meu sax, até agora.
- E como chamava sua parceira?
- Seu nome era Olívia, uma voz tão doce...
- É, deve ser triste não ouvi-la de novo não é.
- Eu a ouço toda noite senhorita, toda noite.
E após dizer isso Ademar foi embora, deixando Andressa sem entender - Toda noite? –e Andressa também foi para sua casa, com a musica misteriosa e o belo som de Ademar em sua memória.
No dia seguinte ao acordar, foi ate a sala e surpreendentemente lá estava Daniel.
-O que esta fazendo aqui Daniel?
- Fui avisado pelo Vaticano que há algo errado nesta cidade...







“Sentirás um agradável sentimento no sonho desta noite...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário